Para
estabelecer a coesão entre as ideias podemos recorrer, entre outros
elementos, aos pronomes relativos. E, dentre eles, aquele que mais
suscita dúvidas quanto ao emprego adequado é o dito ‘cujo’.
Esse não é um termo usado com frequência na língua falada, mas é
imprescindível na escrita, por isso há necessidade de compreender
sua função e utilização, para garantir o respeito à norma culta,
nas situações formais.
Observemos
o uso que Geraldo Vandré e Théo de Barros fizeram dessa palavra na
música “Disparada”:
(…) Na boiada já fui boi, mas um dia me montei
Não por um motivo meu, ou de quem comigo houvesse
Que qualquer querer tivesse, porém por necessidade
Do dono de uma boiada cujo vaqueiro morreu (…)
(In: https://www.vagalume.com.br/daniel/disparada.html)
O pronome
“cujo” só é utilizado quando se indica posse, ou seja,
estabelecendo que algo pertence a alguém, fazendo referência ao
termo antecedente e ao substantivo subsequente. No trecho da
canção, os autores estabeleceram uma relação entre ‘boiada’ e
‘vaqueiro’: quem morreu foi o vaqueiro da boiada, isto é, a
boiada tinha um vaqueiro (estabelecendo-se a ideia de posse).
Um dos
equívocos comuns na utilização do ‘cujo’ é o acréscimo de
artigo após o pronome. Como é um pronome variável, ou seja,
apresente flexão, a concordância em gênero e número é feita com
a palavra seguinte ao “cujo” e ele não precisa e não
pode ser seguido de
artigo definido. Ex:
-
A escola, cuja a diretora foi homenageada, será reformada em breve. (uso inadequado)
-
A escola, cuja diretora foi homenageada, será reformada em breve. (uso correto)
Observemos
a questão da concordância: o pronome está na forma de feminino
singular para concordar com ‘diretora’.
Outro cuidado que deve ser observado tem relação com a regência. Se o verbo subsequente ao ‘cujo’ for regido por preposição, esta deve aparecer antes do pronome! Ex:
Outro cuidado que deve ser observado tem relação com a regência. Se o verbo subsequente ao ‘cujo’ for regido por preposição, esta deve aparecer antes do pronome! Ex:
-
Aquela é a aluna a cujos pais me referi. (quem se refere, refere-se a algo ou a alguém: eu me referi AOS pais da aluna).
-
Este é o autor com cujas ideias eu concordo. (quem concorda, concorda com: eu concordo COM as ideias do autor).
Assim
empregado esse importante conectivo, estará garantida a de coesão
referencial.
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